
Anúncios dele estão por toda parte. Se você ainda não viu, não está prestando atenção. Uma imagem magnificamente colorida retrata uma dama chinesa em uma pose voando no ar. Porém, do que se trata o Shen Yun? O que a performance envolve? Se você é um poeta, algum tipo de artista, ou apenas um espectador curioso, um olhar mais atento revela uma visão artística digna de se explorar.
Como o anúncio sugere, a dança é o carro-chefe. A dança clássica e as danças folclóricas das diversas etnias da China são ambientadas por uma orquestra ao vivo, que combina instrumentos chineses e ocidentais. Elas são incrementadas por uma variedade de figurinos e adereços e um cenário animado com o qual os artistas interagem. Em momentos mais contemplativos, um punhado de vocalistas cantam ópera em chinês e uma solista talvez toque o erhu, que tem duas cordas. A jornada através de algumas dezenas de danças é guiada por dois mestres de cerimônia sorridentes que falam fluentemente inglês e chinês.
Eu levei minha família, incluindo dois filhos pequenos, para assistir ao Shen Yun nos últimos anos. Resumidamente, nós amamos o espetáculo (você pode ler minha poesia sobre "I Love the Dance" e "Upon Seeing Shen Yun"). Mas há mais nessa história do que apenas um outro relato pessoal ou uma experiência familiar maravilhosa.
O Shen Yun foi fundado por um grupo de chineses em Nova York, em 2006, que fugiram da perseguição do regime comunista na China. Sua história não é diferente daquela da Renascença, quando eruditos gregos fugiram da invasão do Império Otomano no século XV e acabaram trazendo sua cultura ancestral para a costa artisticamente fértil da Itália. Agora, a China antiga renasceu—e onde mais a não ser na América?
O que é dança clássica chinesa?
Se há uma estrela para a performance, então é a dança clássica chinesa. A escola clássica de dança com a qual estamos mais familiarizados no Ocidente, o balé, foi desenvolvida na grande corte do rei francês Luís XIV, há menos de 400 anos. A dança clássica chinesa, no entanto, é essencialmente uma antiguidade inestimável que remonta pelo menos 3.000 anos às grandes cortes dos imperadores chineses. Imagine estátuas gregas ou egípcias antigas em um museu que ganha vida e demonstra para você as formas de dança de suas desenvolvidas culturas que agora se perderam. Isso dá a ideia aproximada do vasto valor histórico que o Shen Yun compreende.
Cynthia Paniagua, coreógrafa, bailarina e dançarina folclórica, que assistiu à produção de 2018 no Lincoln Center, em Nova York, disse: “Eu simplesmente adorei. Fiquei encantada. Como bailarina e coreógrafa, simplesmente fui levada pela graça, beleza, cultura e também a técnica foi impecável... história, espiritualidade—está tudo lá.” (Todas as citações do público são oriundas do The Epoch Times).
Athol Willoughby OAM, ex-bailarina renomada, que assistiu à produção de 2017 em Melbourne, na Austrália, disse: “Eu acho que é simplesmente mágico. Esta é a quarta vez que vejo o Shen Yun e não posso acreditar em como eles são perfeitos. Achei que nunca mais voltaria porque não suporto o fato de eles serem tão perfeitos. Isso me deixa com inveja. Se pudéssemos conseguir essa perfeição no balé clássico... Nós tentamos, mas de alguma forma ou de outra, nós simplesmente não chegamos lá.”
A dança clássica chinesa é o seu próprio sistema ou escola de dança e contém uma variedade deslumbrante de saltos, acrobacias, técnicas de locomoção e posturas difíceis—acaba sendo a origem de muitas das espetaculares técnicas de acrobacia e ginástica chinesas que você provavelmente já viu em outro lugar.
Além disso, a dança clássica chinesa envolve um
componente de atuação que dificilmente se vê em outros sistemas. Ela se
presta à contação de histórias—como que uma mistura de balé e
Shakespeare: a graça e a elegância da forma humana por um lado e, por
outro, uma teatralidade divertida que pode ser incrivelmente dramática
ou hilária.
O famoso ator e comediante Tim Allen, que assistiu à
produção de 2017 em Los Angeles, disse: “Eu entendo o humor, parece não
ser seletivo quanto à cultura do espectador. Comédia é comédia e eu amo
a comédia musical. Eu posso dizer imediatamente quando algo é
engraçado, mesmo que eu não fale chinês. É maravilhoso".
Assim,
cerca de metade das danças nos leva a uma narrativa, desde lendas
ancestrais de heróis e donzelas a cenas de romances clássicos. As
passagens mais pungentes são, talvez, aquelas que descrevem cenas
modernas em que praticantes pacíficos do Falun Dafa são perseguidos na
China comunista.
O cardeal Joseph Zen Ze-kiun, da Igreja
Católica de Hong Kong, que assistiu à produção de 2017 em Taiwan, disse:
“Eles se apegam à verdade, mas o fazem de maneira pacífica. Eles
esperam que até mesmo aqueles que fizeram o mal possam por fim entender e
se afastar dos erros. Isso é diferente de uma luta pelo poder político;
eles perseveram por sua fé”.
Uma profunda história para a era moderna
As diversas composições das peças estão todas sob um mesmo profundo enquadre: a história do Criador que vem à terra para transmitir as artes e a cultura clássicas que hoje estão sob ataque. É uma história empolgante, tanto dentro quanto fora da arte, já que o Shen Yun é de fato proibido na China e há relatos detalhados de assédio e campanhas anti-Shen Yun realizadas pelos consulados chineses e pela mídia chinesa no exterior, em todo o mundo.
Essa história espiritual contém uma mensagem entusiasmante que está repercutindo em diversos idiomas, culturas e grupos etários, sendo elogiada por comunidades de artes ao redor do mundo—do Lincoln Center de Nova York ao Teatro dell'Opera de Roma e dos grandes teatros do Japão e de Taiwan. É um fenômeno global: viajando para 20 países nos cinco continentes com uma nova produção a cada ano, as cinco companhias de turnê do Shen Yun estão criando o que pode ser literalmente o maior show da Terra.
Há algo de universal na cultura de 5.000 anos da China, como pode ser visto na comunidade dos bairros chineses, nos deliverys de comida chinesa e nas artes marciais em quase todos os cantos do mundo desenvolvido. Agora, o Shen Yun parece estar revelando uma nova camada de cultura que as pessoas estão rapidamente identificando como auto-evidentemente bela e sublime.
Veja, por exemplo, as palavras finais penetrantes da, talvez, mais famosa obra clássica já escrita no Ocidente, a Nona Sinfonia de Beethoven:
Você sente o seu Criador, ó mundo? (Ahnest du den Schöpfer, Welt?)
Procure-o acima do dossel das estrelas! (Tal 'ihn über'm Sternenzelt!)
Esses versos (escritos originalmente pelo poeta alemão Friedrich Schiller) se encaixam perfeitamente no tema do Shen Yun.
Como um membro da plateia, o Dr. Henry Wall, comentou recentemente depois de assistir à produção de 2018 do Shen Yun no Texas: “Existe um Criador, ele quer que você seja salvo e vá para o céu, se você for bom, vai para o céu. [Esses] conceitos divinos, tradição, família—são para mim coisas realmente boas para se ter como cultura”.
Hoje, em um mundo onde as artes clássicas muitas vezes lutam para sobreviver e formas de arte novas e bizarras são frequentemente difíceis de digerir, a ideia de uma cultura divina de beleza clara feita pelo Criador que agora está sob ataque, como literalmente está pelo regime comunista chinês, é talvez a maior história de nosso tempo.
A atriz Cate Blanchett, vencedora do Oscar, disse, depois de assistir ao Shen Yun em Sydney, na Austrália: “Primorosamente belo… O nível de habilidade, bem como o poder dos arquétipos e das narrativas foram surpreendentes”.
O Shen Yun é uma propaganda do Falun Dafa?

Apesar da acusação, o Shen Yun não é uma propaganda do Falun Dafa. Assim como o Messias de Handel e o trabalho recordista de vendas de Da Vinci, “Salvator Mundi” (foto), não são propaganda cristã, a Disney World não é propaganda da Disney e os filmes de Thor não são propaganda da mitologia nórdica. Arte e entretenimento falam por si (Apesar que, se você for por uma definição do Merriam Webster, tudo isso pode ser tecnicamente propaganda. Eu me refiro ao sentido carregado e negativo da palavra.)
O Falun Dafa, também conhecido como Falun Gong, é uma prática espiritual pacífica brutalmente perseguida pelo regime comunista na China. O regime totalitário realmente utiliza propaganda de assassinato de reputação contra o Falun Dafa. De acordo com o Shen Yun, muitos de seus artistas praticam o Falun Dafa e muitos artistas e suas famílias enfrentaram perseguição na China.
Aparentemente, os críticos que fazem tais declarações que demonizam falham em ver um quadro maior e não podem discernir a verdadeira propaganda, o que é um crime contra toda a humanidade, vinda de artistas pacíficos ao se expressarem com bravura extraordinária. É um faux pas (passo em falso) terrível que tais críticos deram. Eu suspeito que eles estão cegos pelo politicamente correto extremista e, ironicamente, por uma nova forma de preconceito. Os espectadores na plateia sem qualquer agenda de interesses estão assistindo ao Shen Yun pelo que ele é.
Kieth Merrill, cineasta vencedora do Oscar, que assistiu ao Shen Yun na Califórnia, disse: “No mundo de hoje, onde todos estão sendo tão politicamente corretos e tão cuidadosos em expressar suas opiniões e em ser quem são e em ter fé, eu adoro quando alguém tem a coragem de se destacar, apresentar um grande espetáculo comercial como esse e deixar bem claro quem eles são. São pessoas de fé... e eu os aplaudo por isso”.
O que é o Falun Dafa?
O Falun Dafa é uma das muitas práticas de qigong ou cultivo da China que eram transmitidas de forma privada. Foi levada a público em 1992 pelo Mestre Li Hongzhi. Tornou-se imensamente popular até ser banida em 1999 pelo Partido Comunista Chinês, que via a espiritualidade do Falun Dafa como uma ameaça ao seu governo, oficialmente ateu. Os abusos dos direitos humanos, detalhados pela Freedom House, a Anistia Internacional e os incontáveis relatos de testemunhas oculares, são verdadeiramente atrozes e assunto de extrema urgência.

Para entender melhor a gafe que é chamar o Shen Yun de propaganda do Falun Dafa, basta olhar para o nome do Falun Dafa. A primeira palavra, “Falun”, significa literalmente “Roda da Lei”, e refere-se a um símbolo muito parecido com a suástica, que há muito tempo é usada no budismo. Mesmo antes do budismo ter surgido há 2.500 anos atrás, o símbolo era amplamente usado na Índia antiga e também é encontrado entre diferentes culturas mundo afora, desde a Grécia antiga até os indígenas americanos. Antes dos nazistas usarem a suástica, ela era considerada em todo o mundo como um símbolo de boa sorte.
A palavra “Dafa” significa simplesmente “Grande Caminho” ou “Grande Lei”—não muito diferente da frase moderna “O Tao de…”, que significa “O Caminho de…” — “Caminho” e “Lei” são maneiras comuns de identificar um caminho espiritual e princípios espirituais através das culturas ao redor do mundo. Assim, apesar de seu nome soar estrangeiro, o Falun Dafa é uma representação adequada das aspirações espirituais do homem.
Cultura chinesa antes do comunismo
É também fundamental perceber que o Falun Dafa em si é
representante da cultura chinesa, que sempre foi profundamente
espiritual antes do comunismo tomar posse em 1949 e ativamente começar a
destruir a cultura tradicional durante a Revolução Cultural entre as
décadas de 1960 e 1970.
O imperador era "o filho do Céu", a
mudança social era "a ordem do Céu", e os fundadores da medicina
chinesa, escrita e música eram todos considerados deuses na Terra. Os
ensinamentos do Falun Dafa envolvem conceitos das Escolas Buda e Tao que
são comumente encontrados ao longo dos milhares de anos da cultura
chinesa. Por exemplo, o famoso romance chinês, Sonho da Câmara Vermelha,
de Cao Xueqin, é inteiramente pautado por um monge budista e um
sacerdote taoísta conversando entre si sobre as noções de carma,
predestinação e reencarnação. O outro famoso romance chinês, Jornada ao Oeste, de Wu Cheng'en, descreve os monges budistas em peregrinação como personagens principais—imagine se o Príncipe Hamlet, Robinson Crusoe e o Conde de Monte Cristo fossem todos monges cristãos! Essa é a profundidade da espiritualidade da cultura chinesa antes do comunismo.
Para nós, no Ocidente, que crescemos em sistemas escolares onde o ensino da evolução darwinista é obrigatório e o ensino da crença em um grande e bom Criador é considerado escandaloso, é difícil imaginar como é uma cultura tão espiritual. O Shen Yun nos oferece uma excursão a esse mundo deliciosamente encantador e profundamente fascinante da China antiga. Tentar encaixar isso em uma visão ocidentalizada moderna é um exercício muito menos recompensador do que simplesmente se maravilhar com o que ela pode nos dizer sobre as placas tectônicas que se movem sob nossas civilizações e culturas.
"A Sociedade dos Poetas Clássicos" é uma organização sem fins lucrativos que publica trabalhos sobre poesia clássica, artes clássicas e cultura clássica em geral. É a maior organização do mundo dedicada à publicação de poesia em inglês de estilo clássico.